quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Brésil: Puissance pétrolière ou verte?

Para nao dizerem que nunca escrevo nada aí segue em primeira-mao um artigo que vai sair em um periódico francês. Agradeco pelos comentários e correcoes! Abracos!


Aprés les dècouvertes des imenses champs pétroliers tout près de Rio de Janeiro, le Brésil est prèsque d´entrer pour le groupe des plus grans pays exporteurs de pétrole. Cependant cette dècouverte peux faire échouer un des projects plus révolutionaires d´energie renouvable du monde.

Le Monde a boulversé avec la dècouverte de une grande rèserve dans le champs pétrolier de Tupi, que lance le Brésil dan la position de Top 10 exportateur de pétrole à partir 2010, d`accord les prèvision des membres de l´entreprise nationale pétrolière, Petrobras. Selon les executives de la companie, les reserves pétrolières du pays augmenteront 40 pour cent et le Brésil sera un exportateur de la matière comme la Nigéria ou la Venezuela. Le Brésil aura bien la possibilitè de participer à la Organisation de Pays Exportateurs de Pètrole (OPEP). Mais ça met en risque l´échec du projet d´etanol brèsilien, qui veux dèvelopper des sources alternatives d´énergie. Même après le “choc du pétrole” en 1973 peux de pays du monde on risqué de chercher façons d´être moin dépendants du pétrole comme l´avait fait le Brésil. Avec le programme “Pro-Alcool”, c´est-à-dire la transformation de la cane-de-sucre en combustible et ça commercialisation, le Brésil a porsuivi la position de pays leader en dèveloppement de sources alternatives d´énergie renouvable. Le succés du programme d´étanol brèsilien a éte reconnu par les pays européens et les États-Unis au même temps qu´était méprisé par les pays exportateurs de pétrole comme la Venezuela.

La découverte du pétrole au sol brèsilien ménace changer la politique exterieur brèsiliene. Même le President Luis Inácio “Lula” da Silva a déjà presenté l´interés brèsilien d´integrer l´OPEP, mais pour un pays qui a démontré une volonté pour changer le système international d´une façon plus juste, integrer l´OPEP sera un échec au tant que créer une “OPEP vert” ou “Organization des Pays Exportateus d´Énergie Renouvable” sera completement oublié.

Joao Marcelo Dalla Costa M.A.

Universitè de Tübingen

Alemagne

sábado, 24 de novembro de 2007

Brasil, Brasil

Hoje infelizmente nao vai dar para escrever direito, mas o programa que vi ontem aa noite na BBC merece um rápido comentário.

Quando eu e Pri chegamos ontem aa noite em casa a Kelly, dona da casa em q moramos, estava assistindo um programa que já estava pela metade. Paramos no mesmo lugar, sem tirar mochila nem sapato para assistir aa metade que faltava. Trata-se de um série da BBC (aqui passa da BBC Four) sobre música brasileira, chamada Brasil, Brasil. O que vimos ontem foi o primeiro de tres episódios, este um tratando da história da música brasileira, da origem do samba aa bossa nova. O programa é excelente e ilustra bem o processo histórico por trás do surgimento dos diferentes estilos musicais brasileiros.

Nao sei se foi a saudade que apertou ao ouvir a música e ver as imagens do Rio e do Brasil (eles nao deixaram de ir aa terra do baiao), mas acho q foi um dos melhores documentários que eu já vi sobre música brasileira. Hoje aa noite tem reprise! e nas próximas sexta os episódios 2 e 3. A programacao (válida para o RU) pode ser encontrada em http://www.bbc.co.uk/musictv/brasilbrasil/, juntamente com um resumo dos episódios e várias outras informacoes . Esteja vc onde estiver, se passar na BBC daí nao deixe de assistir.

Espero em breve poder escrever os vários post que estou devendo, entre eles:
- a triste relacao entre chocolate e escravidao nos dias de hoje,
- a origem da colecao do British Museum e outros comentários,
- as diferencas na percepcao e no tratamento da questao das mudancas climáticas no Brasil e na Inglaterra,
- alguns aspectos curiosos sobre a vida londrina.

Enquanto isso recomendo a leitura das seguintes matérias saídas nos últimos dias, sobre as quais eu tb pretendo falar (será q vou conseguir?) - a leitura delas deve valer mais a pena do q a leitura desse hipotéticos próximos posts (basta clicar em cima):
- Yet another calamity (Economist, 19/11) e The cruel sea (Economist, 22/11)
- UN official says Israel's siege of Gaza breeds extremism and human suffering (Independent, ontem) e Mr Palestine (Economist, 22/11),
- Somalia war-refugee crisis surpasses Darfur in its horror (Independent 22/11),
- Take over our rainforest (Independent, de hoje),
- The battle for ayurveda: India is racing to record the details of its traditional medicine (Independent de ontem) - nem só de acai e cupuacu vive o homen...

E por hoje é só.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Uma Tarde no Museu

Como diz o Mainardi, Londres é uma boa cidade para se vagabundiar. Um dos programas que eu adotei para preencher o tempo livre é visitar o British Museum. Com excessao das exposicoes temporárias, que sao geralmente pagas (no momento o destaque sao os guerreiros de terracota de Xi'an), o museu oferece uma viagem gratuita por uma monumental colecao que sempre me provoca diferentes emocoes.

No meio das imensas galerias do BM há uma exposicao temporária e gratuita que é no mínimo curiosa. Ela fica na sala 69a, cuja existencia lembra a do andar 7 1/2 do filme Quero Ser John Malkovich. Trata-se, no meio das monumentais galerias com 8 metros de pé direito sobre a Grécia e a Roma antigas, de uma salinha que é na verdade um hall de entrada para um laboratório de estudos de uso interno. A sala é meio claustrofóbica, pois o teto é baixo (cerca de uns 2-2.5 metros), as paredes sao de aco laminado e a área nao deve passar de uns 15 metros quadrados. Para minha surpresa essa é a sala onde está hospedada uma das exposicoes temporárias anunciadas no programa e que eu havia escolhido para ocupar meu sábado enquanto a Pri participava de um evento sobre moda e cultura nos tempos idos. A descricao prometia. Diz o programa:

Inhuman Traffic: The Business of The Slave Trade
Examining how the Transatlantic Slave Trade functioned over 500 years and featuring resistance leaders and their legacy.


Eu realmente estava curioso para saber o que o monumental museu ingles ia dizer sobre o tráfico de escravos e seu legado e fiquei bastante bem impressionado com o cartaz de entrada da exposicao, que é apresentado ao lado de uma belíssima escultura de rosto de uma mulher africana e que diz:


"Over ten million people were taken from Africa during the Slave Trade, which lasted for more than three hundred years. They were forced to travel thousands of miles across the Atlantic to work on plantationin the Americas.

The trade made some people and place extraordinary wealth, but at a terrible cost to others. This movement of people and money still has a profund impact on our world, two hundred years after the Slave Trade was abolished by the British Parliament in 1807."


Nao era pouca coisa. O cartaz de entrada contrastava de maneira importante com a cómoda e muitas vezes por aqui defendida versao de que a escravidao é uma coisa do passado, sem considerar o impacto da mesma em nossos dias e a responsabilidade de "some people and place". Na mesma hora me perguntei se um dia eu veria um cartaz semelhante em um lugar como esse falando da colonizacao em si ao invés da escravidao.

Tudo na exposicao é interessante, da apresentacao de alguns dos "Doze Homens Negros", os "Filhos da Africa", que lideraram a campanha abolicionista inglesa, ao moderno "Tony's Chocolonely", que denuncia o uso de escravos, hoje, na producao do cacao usado na fabricacao do chocolate que eu como. Fiquei bastante tempo nessa sala, que lembra uma geladeira moderna ou uma morgue, e pude concluir que o tamanho e a localizacao da exposicao apenas reflete o interesse do publico ingles para o assunto. Saí da sala um pouco atonito e continuei observando a magnifica colecao sobre a Mesopotania.

OBSERVACAO: eu acabei esse post um pouco abruptamente e deixei de falar algumas coisas que eu tinha em mente sobre a origem da colecao do BM, pois ao escrever o parágrafo acima eu resolvi ir pesquisar o Tony's Chocolonely. Estou chocado. Vou continuar a pesquisa e escrever sobre o assunto em próximo post.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Paquistao

Acabo de voltar de um painel sobre a situacao no Paquistao e o Estado de Excecao instituido pelo General Pervez Musharraf, q vem a ser o Presidente do país. O painel contou com a presenca de Hina Jilani, ativista paquistanesa pelos direitos humanos e representante especial do SG da ONU para os Defensores dos Direitos Humanos, e Aamir Ghauri, jornalista paquistanes, além de muitos paquistaneses na plateia. O painel foi mt bom, claro, mas bastante desolador.

Para comecar basta dizer que Hina Jilani está em Londres em "transito", no trajeto entre Washington, onde foi falar na ONU sobre a situacao, e sua casa no Paquistao, onde será presa quando chegar (já está com a prisao domiciliar decretada). Ela aproveitou o "transito" para tentar mobilizar o pessoal daqui sobre a situacao de lá.

Eu nao sei bem o que escrever, pois muita coisa interessante e importante foi dita e a situacao me deixou bastante deprimido e cansado. É realmente impressionante como a comunidade internacional pode conviver perfeitamente bem com um ditador quando assim lhe convém. E é triste se dar conta que o Paquistao é mais um Estado que ainda "nao aconteceu". Quando observamos o processo histórico que levou aa situacao em q o país está hoje (depois de sua criacao o país passou por praticamente 6 décadas de "ditaduras" legitimadas pelo poder judiciário - essa foi a primeira vez q a corte, pelo o q parece, se recusou a legitimar um golpe, sendo assim afastada), vemos q a solucao nao virá a curto prazo e que tudo o que se pode fazer é tentar apressar esse processo, mas as mudancas serao muito dificeis.

A questao imediata é a reversao dos últimos acontecimentos, ou seja, dos efeitos da Lei Marcial em vigor. De nada adianta se preocupar com a data das eleicoes legislativas enquanto a constituicao estiver suspensa, os juizes suspensos e presos (os novos juizes nomeados para aprovar os decretos e o golpe do general nao valem), assim como os manifestantes (dos advogados aos manifestantes pró-Benazir Bhutto) e enquanto a midia estiver bloqueada ou censurada (nenhuma das imagens que vemos nos jornais está sendo veiculada no Paquistao). É simplesmente ridículo ouvir q os milhares de pessoas que foram presas foram-no sob a lei anti-terrorismo, assim como o estado de excecao em si foi decretado. É igualmente ridículo ouvir o Bush falar que conversou seriamente com o general e que ele espera "eleições o mais rápido possível, e que o presidente tire logo seu uniforme militar", assim como a "restauração imediata da democracia". E é infinitamente mais ridículo ouvir o "Presidente" Musharraf dizer abertamente e a comunidade internacional aceitar, que ele suspenderá o Estado de Excecao assim que a a nova Suprema Corte aprovar a legitimidade da sua eleicao presidencial - essa nova Suprema Corte foi insituida semana passada em substituicao aos entao Juizes que ao q tudo indica nao iam aprovar a eleicao de 6 de outubro de 2007, que concedeu mais 5 anos a Musharraf.

Se Musharraf tirar o uniforme ele fica pelado. O que ele precisa é sair e isso é exatamente o que ele tenta protelar (afinal de contas ano que vem os EUA já estarao focados nas suas próprias eleicoes e nao terao mais tempo para se preocupar com o Paquistao, nem com a legitimidade da Suprema Corte e suas decisoes, nem com as eleicoes legislativas...). Nao há democracia a ser restaurada, há democracia a ser implantada, ou melhor, construída.

Tb por isso foi triste ouvir os relatos dos paquistaneses que estavam presentes, que consideram que a unica diferenca entre Musharraf e a Benazir Bhutto é que com a Bhutto quem batia e prendia os oponentes era a polícia e nao o exército. Se o processo de "desinstitucionalizacao" for bloqueado e revertido, voltando a valer a constituicao e sendo instaurado o """"estado democrático de direito"""" (mais aspas?), ainda assim faltará um bom percurso para o Paquistao conseguir mudar de fato o quadro político atual. Entretanto, o único início possível para esse processo é a instituicao de um processo político.

A situacao ainda é pior quando lembramos que este governo, que de estável nada tem e nada terá nos próximos anos, tem em suas maos uma bomba atomica, cujo desenvolvimento lhe foi cinicamente consentido. Diferentemente de outros ditadores que os EUA bancam e bancaram, Musharraf nao é popular em seu país e nao tem praticamente nenhum apoio, a nao ser o do própio exército, que é a maior forca economica do país e cujo poder ele controla de maneira centralizada.

Amanha aas 14:00 tem um protesto em frente ao numero 10 da Downing Street para pedir que o RU tb pressione o presidente do Paquistao (direta e indiretamente) a reestabelecer o processo institucional.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Assim na terra como no céu (II)

Este é o segundo de uma série de posts sobre degradaçao ambiental, mudanças climáticas e perda da biodiversidade. Para ver todos clique aqui.

-------

Os verdadeiros Tigres Asiáticos

A menos que "aconteça" um milagre, os Tigres estarao extintos em 18 anos. Embora eles já tenham sido cerca de 100.000 em 1900, eles eram apenas cerca de 6000 em 2000 e podem estar globalmente extintos em 2025. Se voce acha que voce nao tem tempo para se preocupar com esse tipo de coisa e, além do mais, essa é mais uma daquelas "típicas previsoes alarmistas e pessimistas de um bando de cientistas e pseudo-cientistas que nao tem mais o que fazer" leia esse post até o final e veja porque voce está tripla e redondamente enganado.

A conclusao de um censo realizado por uma instituicao ligada ao governo da Índia e que será oficialmente apresentado ao Primeiro Ministro amanha é que a populacao de Tigres do país, habitat de 80% da populacao mundial, está hoje entre 1300 e 1500 animais. Há sete anos atrás eles eram cerca de 5000. Ou seja, há cada dois dias tres animais morrem. A razao para tal situacao é a constante degradacao de seu habitat e a extensiva caça, que tem por objetivo a venda de sua pele e de seus orgaos genitais, ou seja, suprir fetiches e crenças idiotas e irresponsáveis. Segundo um dos especialistas envolvidos, "uma populacao desse tamanho nao é cientificamente viável, (...) mas no mundo real voce tem que tentar tudo o que puder." Muitos consideram ser necessário um "milagre" para salvar os Tigres da extincao. O "milagre" da conscientizacao já ajudaria bastante.

Essa notícia junta-se aa da semana passada, sobre as 25 novas espécies de primatas consideradas em via de extincao. Considerando-se as conclusoes do relatório do PNUMA, também da semana passada (veja o post anterior), podemos concluir que nossos filhos e netos (e muitos de nós também) habitarao um planeta onde apenas existirao vacas, galinhas, mais umas poucas espécies de animais cultivados para alimentacao, além de, imagino eu, gatos, cachorros, muitos ratos e nós, os bestas-fera. Ou seja, voce tem muito o que se preocupar com isso sim.

Para aqueles que acreditam que, de qualquer forma, essa é "mais uma previsao alarmista e pessimista" importa destacar os seguintes pontos:
  • Esse censo foi realizado através da aplicacao de uma metodologia científica considerada robusta e acurada;
  • Os resultados mostram que a diminuicao da populacao de Tigres foi duas vezes maior daquela prevista em 1990. Ou seja, a previsao anterior nao era "pessimista e alarmista", mas otimista demais;
  • Em relacao aas previsoes sobre mudancas climáticas, consideradas por muitos igualmente "pessimistas e alarmistas", importa lembrar que, como aponta o professor James Lovelock, as medicoes relatadas pelo IPCC mostram que o aumento da temperatura global, assim como o do nível do mar, entre 1990 e 2005 foi o dobro do previsto em 1990. Ou seja, assim como no caso da diminuicao da populacao de Tigres, essas previsoes do IPCC de 1990 também nao eram "pessimistas e alarmistas", mas otimistas. Da mesma forma, diversos cientistas consideram que as novas previsoes sao iguamente otimistas e nao retratam o verdadeiro cenário.

Estamos destruindo todos os recursos que precisamos para sobreviver, assim na terra, como no mar, como no céu. Ou agimos agora ou nossos filhos e netos serao obrigados a "se calar para sempre".

Recomendo MUITO a leitura da reportagem que saiu hoje no The Independent sobre o assunto e de onde eu tirei as citacoes e os números: The face of a doomed species.

Eu pretendia relatar hoje a palestra de segunda de James Lovelock, cujos modelos e pesquisas concluem que o último relatório do IPCC (que dividiu o Premio Nobel da Paz com Al Gore) é mais uma vez otimista, o cenário sendo ainda pior e imediato, e que precisamos AGIR DE MANEIRA EFETIVA E IMEDIATA para reduzir o impacto do que está por vir. Entretanto, depois do choque da notícia de hoje preferi reportá-la e, dessa forma, terei de deixar os comentários sobre a palestra de J.L. para amanha (ja sao 01:30 e ninguem le esses posts mesmo). De qualquer forma, a mensagem dele é uma só e foi passada logo ACIMA.