Como diz o Mainardi, Londres é uma boa cidade para se vagabundiar. Um dos programas que eu adotei para preencher o tempo livre é visitar o British Museum. Com excessao das exposicoes temporárias, que sao geralmente pagas (no momento o destaque sao os guerreiros de terracota de Xi'an), o museu oferece uma viagem gratuita por uma monumental colecao que sempre me provoca diferentes emocoes.
No meio das imensas galerias do BM há uma exposicao temporária e gratuita que é no mínimo curiosa. Ela fica na sala 69a, cuja existencia lembra a do andar 7 1/2 do filme Quero Ser John Malkovich. Trata-se, no meio das monumentais galerias com 8 metros de pé direito sobre a Grécia e a Roma antigas, de uma salinha que é na verdade um hall de entrada para um laboratório de estudos de uso interno. A sala é meio claustrofóbica, pois o teto é baixo (cerca de uns 2-2.5 metros), as paredes sao de aco laminado e a área nao deve passar de uns 15 metros quadrados. Para minha surpresa essa é a sala onde está hospedada uma das exposicoes temporárias anunciadas no programa e que eu havia escolhido para ocupar meu sábado enquanto a Pri participava de um evento sobre moda e cultura nos tempos idos. A descricao prometia. Diz o programa:
No meio das imensas galerias do BM há uma exposicao temporária e gratuita que é no mínimo curiosa. Ela fica na sala 69a, cuja existencia lembra a do andar 7 1/2 do filme Quero Ser John Malkovich. Trata-se, no meio das monumentais galerias com 8 metros de pé direito sobre a Grécia e a Roma antigas, de uma salinha que é na verdade um hall de entrada para um laboratório de estudos de uso interno. A sala é meio claustrofóbica, pois o teto é baixo (cerca de uns 2-2.5 metros), as paredes sao de aco laminado e a área nao deve passar de uns 15 metros quadrados. Para minha surpresa essa é a sala onde está hospedada uma das exposicoes temporárias anunciadas no programa e que eu havia escolhido para ocupar meu sábado enquanto a Pri participava de um evento sobre moda e cultura nos tempos idos. A descricao prometia. Diz o programa:
Inhuman Traffic: The Business of The Slave Trade
Examining how the Transatlantic Slave Trade functioned over 500 years and featuring resistance leaders and their legacy.
Eu realmente estava curioso para saber o que o monumental museu ingles ia dizer sobre o tráfico de escravos e seu legado e fiquei bastante bem impressionado com o cartaz de entrada da exposicao, que é apresentado ao lado de uma belíssima escultura de rosto de uma mulher africana e que diz:
"Over ten million people were taken from Africa during the Slave Trade, which lasted for more than three hundred years. They were forced to travel thousands of miles across the Atlantic to work on plantationin the Americas.
The trade made some people and place extraordinary wealth, but at a terrible cost to others. This movement of people and money still has a profund impact on our world, two hundred years after the Slave Trade was abolished by the British Parliament in 1807."
The trade made some people and place extraordinary wealth, but at a terrible cost to others. This movement of people and money still has a profund impact on our world, two hundred years after the Slave Trade was abolished by the British Parliament in 1807."
Nao era pouca coisa. O cartaz de entrada contrastava de maneira importante com a cómoda e muitas vezes por aqui defendida versao de que a escravidao é uma coisa do passado, sem considerar o impacto da mesma em nossos dias e a responsabilidade de "some people and place". Na mesma hora me perguntei se um dia eu veria um cartaz semelhante em um lugar como esse falando da colonizacao em si ao invés da escravidao.
Tudo na exposicao é interessante, da apresentacao de alguns dos "Doze Homens Negros", os "Filhos da Africa", que lideraram a campanha abolicionista inglesa, ao moderno "Tony's Chocolonely", que denuncia o uso de escravos, hoje, na producao do cacao usado na fabricacao do chocolate que eu como. Fiquei bastante tempo nessa sala, que lembra uma geladeira moderna ou uma morgue, e pude concluir que o tamanho e a localizacao da exposicao apenas reflete o interesse do publico ingles para o assunto. Saí da sala um pouco atonito e continuei observando a magnifica colecao sobre a Mesopotania.
OBSERVACAO: eu acabei esse post um pouco abruptamente e deixei de falar algumas coisas que eu tinha em mente sobre a origem da colecao do BM, pois ao escrever o parágrafo acima eu resolvi ir pesquisar o Tony's Chocolonely. Estou chocado. Vou continuar a pesquisa e escrever sobre o assunto em próximo post.
A ABL no Rio acaba de sediar um congresso mundial com diversos organizadores e patrocinadores sobre escravidão, inclusive as formas ainda existentes (fiquei sabendo de um grupo de ex-escravos negros no Irã e dos rituais que ainda praticam, o Zar). Mas creio que ninguém falou de chocolate e aguardo a postagem prometida. No congresso não havia brasileiros falando então não se mencionaram os nossos trabalhadores escravos, por ironia.
ResponderExcluirPois é.. E o pior é que no Brasil ainda temos esse tipo de problema, inclusive com criancas sendo forçadas ao trabalho escravo nas carvoarias e canaviais. É um tema que temos que debater e combater muito. Parabens pela escolha do tema.
ResponderExcluirÉ sério q a ABL promoveu um congresso mundial sobre escravidao sem brasileiros??!! Vou até pesquisar isso qd der...
ResponderExcluirbjos e abs