domingo, 27 de abril de 2008

An Yue Jiang, o navio chinês com 77 toneladas de armas para o Zimbábue descarrega em Angola

Conforme noticiou a agencia portuguesa de notícias, LUSA, o navio chines que leva ou levava 77 toneladas em armas para o Zimbábue descarregou sábado em Luanda.

Embora o Governo tenha insistido que apenas as "mercadorias destinadas a Angola" seriam descarregadas, informacoes do Sindicato Independente dos Marítimos Angolanos apontam que os conteiners nao tinham nenhuma informacao sobre seu conteúdo e que eles nao tinham como saber qual carga havia de fato sido descarregada e qual havia ficado no navio.

Importa lembrar que a existencia dessas "mercadorias destinadas a Angola" foi anunciada apenas há 3 dias atrás, coincidentemente no mesmo dia em que o Ministro da Habitacao Rural e Servicos Sociais do Zimbábue, Emmerson Munangagwa, visitou Luanda, acompanhado de um colega do setor da Defesa, para entregar uma mensagem de Mugabe sobre a situacao no Zimbábue. Luanda informara anteriormente desconhecer o destino do návio, quando a localizacao e o destino deste "eram desconhecidos da comunidade internacional".

Enquanto isso e enquanto a África do Sul ameaca deportar os manifestantes zimbabueanos presos em manifestacao anti-Mugabe em frente aa Embaixada chinesa, o New York Times publica que a "decisao" de Angola de permitir apenas a descarga das mercadorias destinadas ao país e nao autorizar a entrada das armas em território nacional era um "tapa na cara" no Zimbábue. Embora a chamada do NYT seja condizente com o fato dessa notícia ter sido dada em primeira pelo Presidente angolano aa representande de Bush que o visitava, eu realmente nao tenho tanta certeza se ela condiz com a realidade. Espero seja eu o pessimista (assim como os blogueiros africanos) e nao o NYT agindo ingenuamente ou de má-fé.

Segue abaixo a notícia da LUSA:

26-04-2008 12:05:17
Navio chinês com arma para Zimbábue descarrega em Angola

Luanda, 26 abr (Lusa) - O navio chinês "Na Yue Jiang", carregado com material de guerra para o Zimbábue, já atracou no porto de Luanda e começaram as operações de descarga, disse neste sábado à Agência Lusa fonte do Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos (CCDH) de Angola.

A autorização para que o polêmico navio entrasse no porto de Luanda foi dada na sexta-feira pelo governo angolano, excluindo a autorização de quaisquer descarregamentos do armamento que tinha como destino o regime de Robert Mugabe.

Na nota oficial do executivo angolano era destacado que a embarcação fora autorizada a atracar no porto de Luanda única e exclusivamente para descarregar material não especificado que tinha, na origem, como destino este país.

No entanto, ao longo da última semana, tempo durante o qual o "Na Yue Jiang" esteve em águas sul-africanas e moçambicanas, países que impediram a aproximação, não foi divulgada nenhuma informação de que o navio continha carga destinada a Angola.

Até o momento, quando as operações de descarga do navio no porto da capital angolana estão em curso, não é conhecido o tipo de material desembarcado.

Francisco Tunga Alberto, secretário executivo do Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos em Angola, disse à Lusa que a informação disponível é transmitida pelo Sindicato Independente dos Marítimos Angolanos (SIMA, membro do conselho), que aponta unicamente para a certeza de que foram descarregados alguns contêineres.

Estes contêineres, informa Tunga Alberto, "não têm - segundo informação do SIMA - nenhuma informação sobre o seu conteúdo", não sendo, por isso, possível "distinguir o que está a ser colocado em terra e o que permanece nos porões do navio".

A Lusa tentou, sem sucesso, obter informações junto do Porto de Luanda.

A carga do navio inclui, além do material para Angola, que até à chegada a Luanda era desconhecido, três milhões de munições para as espingardas automáticas AK-47, 1.500 RPG (morteiros com auto-propulsão) e mais de três mil granadas de morteiro.

A chegada do navio a Luanda acontece depois de o porta-voz do governo chinês ter dito, na quinta-feira, que este estava retornando à China depois das abortadas tentativas de entrar nos portos da África do Sul e Moçambique.

O An Yue Jiang atracou em Luanda apesar de o Conselho de Coordenação dos Direitos Humanos de Angola ter entrado na quarta-feira com uma providência cautelar junto do Tribunal Marítimo de Luanda para impedir que armamento chinês destinado ao Zimbábue seja descarregado em portos angolanos.

Em declarações à Lusa, o presidente do CCDH, David Mendes, citou que a iniciativa tem como pressuposto haver "uma forte possibilidade" de o armamento servir como "instrumento de repressão" das autoridades de Harare contra a oposição, que exige a divulgação dos resultados eleitorais de 29 de março.

A China confirmou a venda do armamento ao governo do Zimbábue, mas afirma que a transação foi feita em 2007 e que a entrega neste momento não está relacionada com a crise política que se vive naquele país africano.

A atual crise no Zimbábue é fruto da recusa do governo do presidente Robert Mugabe em divulgar os resultados das eleições presidenciais de 29 de março, que a oposição afirma serem desfavoráveis ao chefe de Estado.

Nas declarações à Lusa, David Mendes citou igualmente que outro pressuposto da providência cautelar interposta pelo CCDH é que Angola integra a Convenção das Nações Unidas para os Direitos Humanos e assinou a Carta Africana para os Direitos dos Povos.

O advogado e presidente da Associação Mãos Livres, organização que se dedica à defesa legal de pessoas fragilizadas perante a Justiça angolana, destacou ainda que Luanda preside acualmente à Comissão para a Paz e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, de que fazem parte também o Zimbábue e Moçambique).

"Estas condições impõem responsabilidade acrescida ao país quando se trata de agir corretamente face a uma possibilidade real de poder ter um papel decisivo na facilitação da repressão por razões políticas", especialmente num país com que partilha uma organização geográfica, frisou.

A chegada da embarcação a Luanda aconteceu no dia, sexta-feira, em que o presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, recebeu um enviado especial do presidente zimbabueano, Robert Mugabe, e a sub-secretária de Estado norte-americana, Jendayi Frazer, que entregou ao chefe de Estado angolano uma mensagem do seu homólogo George W. Bush.

A enviada de Washington tinha como um dos pontos da sua agenda convencer os líderes da África do Sul e Angola de não permitirem a descarga do navio chinês com armas para Harare.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E você, o que acha disso? Participe, deixe aqui a sua opinião.